Experiência:
Teste presuntivo de sangue (Kastle – Mayer)
Objetivo:
Esta experiência tem como principal objetivo tornar o estudo do ph
sanguíneo interessante para o aluno, a medida que desperta a curiosidade dele
através das práticas laboratoriais da química forense.
Competências e habilidades:
- Compreender o funcionamento da Fenolfitaleína na presença de ácidos e de bases.
- Entender como a hemoglobina “transporta” oxigênio e como o sangue reage na presença de um indicador de pH.
- Proporciona ao aluno o levantamento de diversas questões a respeito dos possíveis falso positivos, e qual a relevância deste fato diante de possíveis investigações criminais.
- Permite ao aluno discutir a respeito das diversas substancias químicas presentes na corrente sanguínea e por que a manutenção do pH sanguíneo é importante.
Procedimento:
Preparação do reagente Kastle - Mayer
1. Fazer uma solução de
hidróxido de sódio (20g de NaOH adicionados à 90ml de água destilada) e
adicionar 1g de fenolftaleína dissolvido em 10ml de etanol.
2. Adicionando 20g de
pó de zinco metálico à solução e aquecendo-a em fogo brando. Até
desaparecimento da cor rósea. (se não mudar a intensidade da cor, deixar
descansar por três dias a solução, ate a intensidade da cor desaparecer quase
completamente).
Identificado o sangue:
1. Utilize uma haste
flexível (levemente umedecido em soro fisiológico ou água destilada) na amostra
de sangue (ex: carne bovina) pode-se utilizar uma faca ou uma vasilha suja com
o sangue da carne, para retirar a amostra.
2. Em seguida, pingue
uma gota do reagente de Kastle-Meyer na haste flexível, seguido de uma gota de
água oxigenada (5%). Quase instantaneamente, ocorrerá uma mudança de coloração
no algodão. Uma cor vermelha intensa poderá ser visualizada, indicando a presença
de sangue. (teste positivo).
Resultados e discussões:
A hemoglobina adulta contém quatro cadeias polipeptídicas,
cada uma com um grupo prostético heme, responsável pela coloração vermelha dos
eritrócitos (Figura 1).
O grupo heme é sintetizado a partir da glicina. É
formado por um complexo anel porfirínico IX e um átomo ferroso (Fe+2)
conjugado. Está unido a cada uma das cadeias polipeptídicas da hemoglobina por
meio de uma ligação ao grupo R de um resíduo de histidina. A sexta ligação de
coordenação do átomo de ferro em cada grupo heme é empregada para ligar o O2
(Figura 2).
Figura
2. a) Estrutura Heme sem o Fe2+ conjugado. b) Estrutura Heme com Fe conjugado na forma Ferrosa ligada ao O2.
Os grupos heme em uma solução oxigenada são
rapidamente oxidados da forma ferrosa (Fe2+), que liga reversivelmente
ao O2, para a forma férrica (Fe3+), que não se liga ao O2.
A liberação do grupo heme da globina leva à oxidação do ferro e à geração da
hematina (Figura 3). O grupo heme, sobretudo no estado férrico, pode exercer
uma “falsa” atividade enzimática, participando de reações de óxidoredução, tais
como, na oxidação de moléculas lipídicas.
Fora do
organismo, o sangue está sujeito a uma série de processos de degradação. Com o
passar do tempo e a conseqüente oxidação da hemoglobina, o átomo de ferro muda
de heme para hemina ou hematina. Essa conversão ocasiona a alteração da cor da
mancha de sangue de vermelha para marrom. No estado férrico, o grupo heme
possui atividades catalíticas e capacidade de participar em reações de oxidação
e redução como um grupo de enzimas chamadas peroxidases. Essa atividade é
empregada como base dos testes presuntivos para identificação de sangue.
A fenolftaleína mantém-se incolor em soluções
ácidas e torna-se cor-de-rosa em soluções básicas. A sua cor muda a valores
entre pH 8,2 e pH 9,8 . Portanto a fenolftaleína é um indicador de pH e reage
quando em contato com substâncias de caráter básico – como o sangue, que é
ligeiramente básico – e fica com uma cor rosa. Mas se a substância for ácida ou
neutra, nada acontece.
No entanto, a fenolftaleína não reage apenas com
sangue, mas com qualquer substância de pH básico, como sabão em pó, por
exemplo. Para aumentar a precisão, o teste de AB identificação de sangue –
conhecido como teste de Kastle-Meyer – deve também utilizar a água oxigenada em
sua composição. Pois o peróxido de hidrogênio H2O2(aq) (água
oxigenada) é usado como catalisador para acelerar a reação que muda de cor
sinalizando que houve a oxidação. Esse teste não é tão sensível quanto o
luminol, contudo, detecta o sangue mesmo que tenha sido diluído de 1:10.000 e
não é carcinogênico.
O reagente de Kastle-Meyer é constituído por uma
mistura de substâncias. Um exemplo de proporção seria 0,1 g de fenolftaleína,
2,0 g de hidróxido de sódio (sob a forma de pastilhas ou lentilhas), 2,0 g de
pó de zinco metálico e 10 mL de água destilada.
Na Figura 4 tem-se as reações que ocorrem tanto no
processo de produção do reagente como nas que ocorrem quando ele é aplicado na
suposta mancha de sangue.
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